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Forte São
João em Bertioga
Apenas 10
minutos de carro do Recanto Bertioga! Hoje é um museu
com a história de Bertioga.
História
O primitivo
Fortim de São Tiago na barra da Bertioga foi reconstruído, ao final do
século XVII, em alvenaria de pedra e cal, tendo as suas obras
definitivas sido concluídas em 1710. O desenho da sua planta apresentava o formato de um
polígono retangular com guaritas nos vértices. O governador e
capitão-general da capitania de São Paulo, D. Rodrigo César de Meneses,
informava:
"Como pelo tempo adiante poderá o porto da Vila de Santos ser mais bem
visto das Nações Estrangeiras e de piratas, aumentando-se nele o
comércio, pelas boas esperanças que nesta Capitania há de novos
descobrimentos [minerais], procurei por na última perfeição a fortaleza
da barra da Bertioga, da mesma Vila, e me parece foi a obra que se lhe
fez de muita conveniência a Real Fazenda de V. Majestade, porque,
gastando-se com ela de três em três anos muito perto de quinhentos mil
réis com madeiras e estacarias, ultimamente se fez de pedra e cal, com
muita regularidade e tudo o mais necessário para a sua boa defesa por um
conto setecentos e setenta mil réis; (...)"
Em 1751 o então governador da praça de Santos, Luís Antônio de Sá
Queiroga, fez reedificar o forte. Na ocasião, o modesto terrapleno
quinhentista com uma área de 100 metros quadrados foi demolido, para dar
lugar ao atual, com 250 metros quadrados. A tenalha, a norte, foi
elevada para nove palmos de altura e complementada por uma estacada
paralela, e o edifício do quartel, reformado.
O forte recebeu nova artilharia em 1760. No governo da capitania de São
Paulo pelo capitão-general D. Luís António de Sousa Botelho Mourão -
quarto morgado de Mateus (1765-1775), dentro do contexto das obras de
recuperação da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, quando foi
levantada a Bateria da praia do Góis (1765 e 1766, respectivamente), o
Forte de São Tiago foi reformado a partir de 1765, cruzando fogos com o
Forte de São Luís da Armação.
Por volta de 1769, uma forte ressaca marinha destruiu parte do
terrapleno do forte, deslocando em aproximadamente 25 centímetros a
guarita e a cortina. Esse fenómeno terá destruído também a capela São
João localizada na praia, vizinha ao forte. Tendo a imagem da capela
sido recolhida ao forte, este passou a denominar-se Forte de São João da
Bertioga. À época, por exercer as funções de registro das embarcações
que demandavam o porto de Santos, era também denominado como Forte do
Registro. Em Relatório à Coroa Portuguesa, acerca das fortificações da
Capitania, datado de 30 de junho de 1770, aquele governador informou que
esta praça estava artilhada com onze peças: seis de calibre 8, duas de
6, uma de 4 libras de bala, e dois pedreiros de bronze.
Um relatório manuscrito descreve o estado da fortificação, ao final do
século XVLL
"A Fortaleza da Bertioga tem sete peças, todas desmontadas, e acho que
só duas poderão dar fogo; o quartel está arruinado e por ser muito úmido
não pode conservar um só barril de pólvora, e nem tem parte onde se lhe
possa fazer cômodo para o ter sem grande risco. Nesta fortaleza por
força a artilharia há de estar ao tempo e por isso precisa que o
carretame seja pintado para lhe poder resistir. Este reduto não tem
vantagem alguma mais do que servir de registro na ponta da terra firme,
porque ali não defende a entrada da barra e logo que qualquer embarcação
entre da barra para dentro tem muito onde fazer desembarque e no caso de
a quererem tomar (que não tem necessidade disso) quaisquer 40 ou 50
homens a tomam."
No século seguinte, no Relatório de 1817 do 2º Tenente de Engenheiros
Rufino José Felizardo e Couto ao governador e capitão-general da
Província de São Paulo, Francisco de Assis Mascarenhas - conde da Palma
-, encontra-se relacionada a artilharia da praça:
"Achavam-se neste forte nove bocas de fogo, todas de ferro fundido;
destas só três [é] que poderão servir, a saber, duas de calibre 9 e uma
calibre 6 que é a melhor."
Data deste momento a reforma que lhe alterou o telhado do edifício dos
quartéis de duas para quatro águas, sendo acrescentada uma cozinha e uma
despensa.
Um outro Relatório, em 1830, do marechal Daniel Pedro Müller, informa
que a sua guarnição em tempo de paz era de três homens, e, em tempo de
guerra, compunha-se de um oficial superior, um inferior, e vinte
soldados de infantaria. O Mapa das Fortificações do Ministério da Guerra
de 1847 atribui-lhe apenas seis peças, encontrando-se arruinado em 1885.
O conjunto passou para o Ministério da Indústria, que nele instalou um
posto semafórico. Na gestão do Dr. Washington Luiz na presidência do
governo do estado de São Paulo, foi restaurado como Monumento Histórico
(1920), para ser tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional em 1940.
No contexto da Segunda Guerra Mundial serviu como quartel para os
pelotões de vigilância dos 4° e 6° Batalhões de Caçadores do Exército
Brasileiro. Entre os anos de 1944 e 1954, serviu de aquartelamento ao
destacamento subordinado à Praça Militar de Santos. O forte foi
totalmente restaurado a partir de 1945 pela Diretoria de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, sendo erguida uma residência com três
quartos para o zelador do forte. Em 1960 passou para a guarda do
Instituto Histórico e Geográfico Guarujá-Bertioga (IHGGB), que ali
instalou o Museu João Ramalho.
Em 1996 devido à falta de infra-estrutura e à precariedade de suas
condições, o IPHAN retomou a posse do forte, encerrando-o ao público e
iniciando-lhe uma intervenção de conservação e restauro. Os trabalhos
basearam-se no projeto do engenheiro Rufino José Felizardo e Costa,
datado de 1817, sendo demolindo o telhado da casa do zelador e
devolvendo-a ao aspecto que possuía naquela época. Desse modo, em
meados de 2001 encontrava-se totalmente reformado, contando atualmente
com salas temáticas, exposição de armas e armaduras, exposições
itinerantes e visitas monitoradas.
No ano de 2004, durante as comemorações da IV Festa Nacional do Índio,
foi inaugurado, em seu entorno, o Parque dos Tupiniquins.
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